Você sabia que...

"O ator usa a mentira para expressar a verdade. O político usa a mentira para esconder a verdade."







quarta-feira, 8 de agosto de 2012

A IGNORÂNCIA HUMANA


 "Os ignorantes, que acham que sabem tudo, privam-se de um dos maiores prazeres da vida: aprender."


 A vida é uma escola pública onde o ensinamento é contínuo, porém muitas vezes não absorvido por pessoas que não sabem que nada sabem sobre ela. São pessoas que se julgam as "donas da verdade". Absolutas em suas decisões e pensamentos, na maioria das vezes são fechadas a opiniões e críticas. Pobres espíritos levianos, se julgam superiores aos demais de sua espécie. Se acham juízes da verdade que apontam o dedo indicador do ego na direção daqueles que acabam se acanhando ou se retraindo diante desse julgo. Inflamam-se ante seu poder patético. Náuseas me vêm quando estou diante de pessoas assim. Pessoas que nada têm a acrescentar e tampouco a ensinar. Só importam-se consigo mesmo nutrindo desejos insanos com o medo dos outros como combustível. Mas, como todo ser humano falho, os ignorantes têm seus medos pessoais. Seu "freio moral". O maior de todos os medos que um ser vil como esse possui é o medo da própria morte. De seu "juízo final". Se julgam tão portentosos que na maioria das vezes se esquecem de que são seres falhos. E sua fenda está exatamente dentro deles mesmos; dentro do seu medo moral.
Não quero ser prolixo com as palavras. Até porque, para um bom entendedor, meia palavra basta. E aqueles que conhecem pessoas ignorantes - e são muitas delas - sabem muito bem o que estou dissertando aqui. 
O maior antídoto contra gente assim é o desdém. O menosprezo. Se você não os alimenta, eles certamente irão perecer e morrer em suas vidinhas criadas. Os soberbos necessitam visceralmente de pessoas que alimentem seu ego vampiresco. Sua sofreguidão, por natureza, os levam a adotar uma postura muitas vezes bélica. Isso os torna aparentemente inescrutáveis e intangíveis, como se fossem deuses confortavelmente sentados em seu imaginário trono sobre o pedestal. Mas, lembre-se de que eles podem ser atingidos em sua fraqueza, todo mundo pode ser, e que doravante é a mesma fraqueza da quase totalidade do universo humano. Isso os torna igual a qualquer um de nós. A finitude é a certeza da vida.
A vida nos ensina que devemos respeitar as desigualdades, mesmo que não concordemos com elas. Entretanto, quando essa desigualdade fere o seu livre-arbítrio, aí sim o respeito então inexiste.

Vejo cenas no cotidiano que me levam a crer que as pessoas estão ficando cada dia mais e mais egoístas, soberbas e narcisistas. Estão começando a vestir a roupa da ignorância humana. O ser humano está perdendo seu bom-senso. Hoje é mais ou menos "cada um por si". O desrespeito e a desigualdade levantam muros cada vez mais altos que separam as pessoas umas das outras. Pessoas usam outras pessoas como se fossem um trampolim para suas vidas. E o fazem de forma despudorada!

Quando digo que a cada dia que passa eu "não confio mais nas pessoas", sou muitas vezes julgado por isso. Então eu pergunto: Existe uma solução? E sempre tenho como resposta um plácido e vago "não sei". Para se julgar alguma coisa, ou alguém, você tem que ter uma resposta para aquele julgo. Caso não tenha uma resposta, por favor, não julgue aquilo que você não conhece...

É..., a vida é mesmo um mosaico complexo de perguntas e respostas. Mais perguntas e menos respostas. Basta ter ouvidos para ouvir e olhos para enxergar tudo isso. E, claro, uma boa dose de bom-senso para colocar todas essas informações em sua mente e tirar delas o que acha de melhor para si. 

A ignorância humana jamais deveria superar o bom-senso, mas não é bem isso que acontece na prática da vida. A humanidade caminha para o abismo da ignorância humana.


quinta-feira, 3 de maio de 2012

AS NOSSAS LEIS DE CADA DIA


Leis são criadas dia a dia para tentar por um pouco de ordem na vida das pessoas (cidadãos brasileiros e do mundo). Mas, nessa tentativa epilética de criá-las, muitas Leis absurdas começam a ser paridas por pessoas que sinceramente não têm o mínimo de discernimento. E essas pessoas estão nos representando no poder.
Recentemente assisti à uma reportagem sobre a Lei Seca, por exemplo. Essa Lei teve uma grande repercussão aqui no Rio de Janeiro quando foi sancionada. Na cena, um ciclista passeava tranquilamente em sua bicicleta motorizada sobre uma ciclovia, quando então passou por um posto da Lei Seca que fora colocado sobre essa ciclovia. Foi parado. E por desconfiarem que ele tinha ingerido alguma bebida alcoólica, o ciclista teve que se submeter ao teste do bafômetro. Mas ele se recusou a fazê-lo. O resultado: o ciclista foi então autuado e multado!! Isso mesmo. Multado por não ter habilitação própria para trafegar com sua bi-ci-cle-ta (soletrei a palavra para provar que não é um erro de digitação ou maluquice minha). Fiquei imaginando o grau de destruição que uma bicicleta motorizada poderia causar se o condutor, por descuido seu, sei lá, atropelasse um pedestre. Será que poderia causar um T.C.E. (traumatismo crânio encefálico)? Ou talvez uma fratura exposta? Vai que... Vai que duas bicicletas motorizadas em alta velocidade (10 a 15 km/h é a média de velocidade de uma bique motorizada) colidem entre si. Gente! É o caos!! Imaginem a cena que se formaria na ciclovia. Tudo parado... A TV anunciando mais um congestionamento monstruoso na ciclovia às vésperas do final de semana. Lamentável isso, não?
Patético. 
Daqui a pouco irão querer exigir habilitação para praticantes de spinning, por exemplo. Sou adepto do spinning ou bike indoor. Coitado dos professores de educação física que terão que exigir dos seus alunos a habilitação necessária para que então possam praticar seus exercícios em cima das bicicletas. Eu não vou tirar porra de habilitação nenhuma!
Tomara que isso não pegue, né? Porque se não, irão querer cobrar IPVA, ou melhor, IPVBike, como um novo imposto. Oh, céus!...
Eu não sou contra Leis, muito pelo contrário, sou um defensor de um mundo mais pacífico e organizado. E por não as temer, eu até apoio algumas Leis. É louvável. Leis boas, bem redigidas, educam pessoas mal-educadas. Mas, vamos combinar, "multar ciclista que ainda por cima estava passeando dentro de uma ciclovia?" ah, isso é demais para minha compreensão, não é mesmo? 

Nossas Leis estão ficando cada dia mais e mais bizarras. Para nosso azar e sorte dos humoristas. Ao menos, o que nos resta ao final é rir da própria desgraça.  

sábado, 28 de abril de 2012

ESCREVENDO...








Escrevo linhas que talvez uma multidão de ninguém as leia. Escrevo pensamentos para milhares de sem nomes, pessoas que não conheço - alguns poucos, bem poucos, eu até conheço - e que passarão seus olhos curiosos por essas linhas devorando-as como se degustassem um sorvete num dia frio ao final de uma tarde chuvosa. Escrevo livros que nunca serão Best-Sellers e que sei jamais serão publicados. "Jamais" é uma palavra forte, eu entendo isso, que muitas vezes nasce em nossa cabeça e se expressa através da nossa fala. Então, vamos combinar que talvez, algum dia talvez, numa loucura  minha ou sorte do acaso, eu venha então a publicá-los. Tudo é inevitavelmente possível. Ou não.

Então, por que escrevo?

Escrevo pelo simples prazer de escrever. É de fato muito prazeroso escrever. Divagar sobre coisas interessantes da vida. Deixar fluir o pensamento livre. Isso, por incrível que possa parecer, me relaxa e me diverte, além de exercitar minha mente preguiçosa. Escrevo dando as asas da criação à um pássaro chamado ideia que se aninha dentro do meu pensamento louco para voar.  Eu tenho que deixá-lo voar algumas vezes.

Escrever é um dom natural que só floresce na pessoa que descobre que pode e que gosta de fazê-lo. Ler é o combustível necessário que precede a escrita. Bons escritores são bons leitores afinal.

É estranho e ao mesmo tempo curioso sentar-se em frente a uma tela de computador e conversar consigo mesmo(a). Às vezes em silêncio. Às vezes acompanhado de um sussurro. Esse gesto aparentemente bizarro que descrevi é comumente conhecido como "escrita". 

Escrever é abrir a mente a possibilidades. Trazer o infinito até você. É unir o mundo fictício (imaginário) ao mundo real, onde as possibilidades são efêmeras se comparadas ao mundo criativo. Escrevendo a gente muda conceitos, cria pensamentos, aguça sentimentos e desperta a inteligência lógica do raciocínio. A escrita é a compilação dos pensamentos. É o preto no branco. Uma carta, seja ela dissertada num pedaço de papel ou digitada nas frias teclas do computador, leva consigo os sentimentos que fluíram da mente do criador(a) para um objeto (papel ou tela) através dos seus dedos. Dedos calejados, finos, grossos, macios ou rígidos... não importa. O que importa é o conteúdo posto e a intenção, a ideia final. 

Escrevendo tornamos nossas ideias imortais. Aliás, dizem que uma pessoa se torna imortal quando eterniza seu nome em telas, livros, atitudes, monumentos ou edifícios. O(A) imortal será sempre lembrado(a) mesmo se passado séculos e mais séculos. Seja ela boa ou má.

Se você tem uma ideia, escreva-a. Vai que o que você acha simples ou bobo pode ser um possível Best-Seller guardado esperando que você lhe dê asas para enfim poder voar alto com um pássaro feliz.  


terça-feira, 24 de abril de 2012

O QUE É A RELIGIÃO AFINAL?


"O maior de todos os prazeres é a ilusão"




Certa vez me perguntaram qual era a minha religião. Eu pensei comigo: "Pra que serve a religião? Por que temos que ter uma religião?" Então respondi: "Não tenho uma religião; não preciso dela".
Segundo o pai dos burros (dicionário), religião deriva do latim "religare" que significa ligar algo supostamente perdido a outro. No caso de algumas religiões patriarcais, a união do homem ao seu criador(a). 
Eu prefiro a explicação contundente de K. Marx et F. Engel, datada do século XIX, em "Sur la religion", que diz o seguinte: 

"Foi o homem que criou a religião e não a religião quem fez o homem. A religião é a consciência de si e o sentimento de si, que possui o homem que ainda não se encontrou ou que se tornou a perder. A religião  não passa de um sol ilusório que gravita em volta do homem enquanto o homem não gravita em volta de si próprio."

No meu entender, a religião funciona mais ou menos como um freio moral que coíbe as pessoas de fazerem mais besteiras do que fazem. Pessoas assim precisam de algo que as diga o tempo todo "é assim que se deve fazer" ou "isso pode e isso não pode". Verdadeiras mentes preguiçosas que necessitam de Leis e regras para terem suas decisões controladas e o seu futuro mantido impoluto.  
Se nos atentarmos ao fato, a maioria das religiões usa o fator medo (atribuindo-o ao pecado) para acionar o freio moral dos seus seguidores. Sim, claro, pois se o suposto seguidor fizer algo que vá de encontro a moral e as leis que a sua religião atribui, ele será punido por seu deus por isso... Simples, prático e eficaz.

O que é a religião afinal? Um conjunto de ideias ardilosamente criadas para controlar as pessoas? Ou uma forma de inibir o lado perverso do ser humano? Talvez um maniqueísmo, onde temos sempre o bem contra o mal? Seja o que for, cara..., essa coisa funciona pra caramba! Como a religião controla a mente das pessoas! E não são poucas. O mais interessante de tudo isso é que as pessoas nem ousam questionar as regras criadas no jogo da fé.

Uma vez eu li que "um dos modos mais eficazes de destruição de uma cultura consiste em destruir a confiança em seus curandeiros e líderes espirituais. Quando esses dois papéis são insidiosamente enfraquecidos, as pessoas ficam desmoralizadas. Seu modo de vida desintegra-se e elas são mais facilmente assimiladas no sistema de valores das forças invasoras, sejam elas políticas ou eclesiásticas." Talvez todo esse belicismo que há entre algumas forças religiosas que conheço tenha nascido sobre nesse pensamento. Talvez tenha acontecido quando a parte vencida se negara a aceitar as novas regras impostas pelo opressor e ela mesmo tenha criado suas próprias regras.

Discutir religião é mexer com teses, factoides, tabus, pensamentos, credos e vai por aí. Enquanto a maioria das mentes das pessoas estiverem presas a esse paradigma, não se é possível discutir religião. Também, para que discutir religião? Cada um tem o direito de acreditar no que quiser, desde que não tente impor aos outros aquilo que acredita. O respeito às diversidades é o princípio da igualdade entre pessoas sensatas. 
É, eu acho que da próxima vez em que me perguntarem se tenho alguma religião, talvez eu responda dessa vez: "Eu respeito todas as crenças que me respeitam e respeitam o individualismo das outras pessoas". Essa talvez seja a melhor resposta para uma pergunta que não tem nenhum propósito em si.
Mas então, e você, qual a sua religião?




terça-feira, 17 de abril de 2012

ECOCÍDIO





"É comum enxergar os mitos e os ritos das antigas civilizações como formas atrasadas de lidar com as forças da natureza ante o desconhecido. Aos olhos contemporâneos, a bela literatura que essas crenças produziram ao longo do tempo parece ser o único e definitivo legado. (...) O temor dos antigos, mesmo que gerado pela ignorância, era sábio. Tinha origem numa sintonia fina com o mundo à volta: crer, por exemplo, que o rio é um organismo vivo, que a floresta é sagrada, que os céus estão irados era, ao mesmo tempo, respeitá-los, e garantir a sobrevivência da espécie naquilo que depende dela própria. Postura, em certo sentido, altamente evoluída. (...)

De certa maneira, a aliança com o Todo-Poderoso, que construiu o mundo, moveu os céus e a terra e nos fez à sua imagem e semelhança, transformou animais, plantas e recursos naturais em itens de segunda categoria, de caráter utilitário, de servidão. 

O monoteísmo represou o temor natural dos céus para uma só fonte: Deus tudo pode, preservar ou destruir. Isso em resposta aos atos dos homens perante seu semelhante ou diante D' Ele. Os atos no trato com o mundo que Ele criou não são decisivos na contabilidade do Juízo. E se outrora houve, no seio do monoteísmo, celebrações de ciclos agrícolas e cerimônias de reverência à natureza do Deus único, hoje pouco resta desse espírito." (Arnaldo Bloch - O GLOBO, 2003).

 O reflexo desse afastamento do homem com a natureza, reforçado pela criação de um ser único (o Criador) que dita as Leis e o iguala ao ser humano, representa o precário estado atual por que passa o nosso planeta Terra. Dia a dia, movimentos sociais em defesa da natureza são criados na tentativa de amenizar os danos causados por nós mesmos, "seres civilizados". O ser humano, em seu egocentrismo totalitário, tornou-se cego diante da complexidade que é a natureza em si. Pôs uma verdadeira venda nos olhos e só ouve aquilo que lhe convém. Ah!, é claro... eu ia quase me esquecendo de que um dia alguém disse que "tudo pode, porque Deus permite". Afinal das contas, somos Sua imagem e semelhança, não é mesmo? 
Não, não somos. Isso nunca deveria ser... Nunca. Mas disseram que é assim e todos acreditaram sem contestar. Bom, quase todos.

Enquanto procuramos as respostas para esse verdadeiro Ecocídio decorrente de atos estúpidos que as pessoas cometem contra a natureza, nos esquecemos de olhar para dentro de nós mesmos e enxergar que o erro está em nossa própria cultura, em nossa fé, e não no reflexo delas sobre o conjunto. É difícil de entender isso, eu sei. Porque para se entender o que isso significa, a pessoa tem que superar o maior de todos os tabus criados: o medo. A incerteza é uma das filhas do medo.

 A cada dia que passa, doenças ganham cada vez mais e mais as batalhas travadas conosco e levam consigo muitos de nós, dia a dia, humanos ou animais. Pobres criaturas que somos, pois temos que passar por isso sem conseguir nos defender. Mas quem disse que isso não é um mero reflexo de todos os nossos atos insanos? 
A cada momento a natureza alerta para nossos erros com verdadeiros espetáculos colossais tais como tsunames, terremotos, erupções vulcânicas e vai por aí afora. Mas nós não enxergamos isso! Insistimos no pensamento de que "somos seres superiores e, portanto, podemos tudo".


Desejo, do fundo do meu coração, que um dia nós, humanos, despertemos desse  coma inventivo e partamos logo para a verdadeira ação. Pois, se continuarmos a dormir o sono dos estúpidos, será a vez então da natureza dormir o sono do desinteresse e talvez só despertar quando não mais existirmos. 

O ser humano jamais irá acabar com a natureza, mesmo que tente isso sem saber. Nós certamente em algum tempo futuro seremos extintos por nossa própria ignorância. Até os dinossauros foram extintos no passado. Mas a Natureza Mãe, apesar de tudo isso, não será extinta, ela irá sempre se regenerar. A Mãe Natureza não depende de nós para sobreviver. Nós é que dependemos dela para vivermos.



sábado, 14 de abril de 2012

A Maldade do Bem.


"A ajuda nem sempre é bem-vinda..."




Certa vez li um conto que me fez parar e refletir sobre alguns atos que cometemos, movidos por nossa primitiva vontade de estar quase sempre ajudando as pessoas. Diz o conto: "Uma vez um indiozinho estava sentado a beira de um lago com seu avô, um sábio xamã, observando um casulo que 'um dia fora uma lagarta', segundo dissera-lhe o avô. Todos os dias, pela manhã, os dois se dirigiam ao mesmo local, sentavam-se lado a lado e ficavam observando o curioso objeto. Certo dia, numa manhã ensolarada, o casulo começou a se mexer dando sinais de que alguma coisa estava prestes a sair de lá de dentro. O indiozinho ajeitou-se mais para perto do casulo e ficou quieto observando (admirando na verdade) aquele milagre da natureza. Um ser pequenino começou a sair de lá de dentro, lutando a cada minuto que passava para poder se libertar. Vendo todo aquele sofrimento pelo qual passava o novo ser que nascia, o indiozinho então perguntou ao avô se poderia ajudá-lo a sair dali mais rapidamente. Seu avô sorriu e disse que se aquele pequenino ser estava passando por tudo aquilo, é porque os espíritos da natureza haviam dito que teria que ser assim. Angustiado pela demora, o indiozinho então disse que iria ajudá-lo a sair dali. Ele apanhou sua pequenina faca e começou a cortar o casulo liberando a pequenina borboleta que caiu no chão ainda com as asas amarrotadas e bem fraca. O indiozinho a colocou cuidadosamente em suas mãos e juntamente com seu avô retornou a sua aldeia para cuidar da recém-nascida até que tivesse forças para seguir voando.
Dias se passaram e a nova borboleta não conseguiu desenvolver forças suficientes e nem suas asas aplainaram para que ela finalmente voasse. Então, alguns dias mais tarde, a frágil borboleta pereceu sem ter tido a chance de polinizar ou sequer por seus ovos dando continuidade a sua geração. 'Por que?', perguntou o indiozinho ao seu avô. Após um breve suspiro, o velho xamã disse que 'toda aquela força que a pequenina borboleta fazia para sair da sua prisão na verdade era uma forma que a natureza lhe dava para fortalecer os frágeis músculos de suas asas e assim ter forças para sair voando quando deixasse o casulo. E pelo tempo que levava para sair, aos poucos suas asas iam secando com o sol e ficando firmes para elevá-la quando as batesse. Quando ela foi ajudada, na verdade foi prejudicada pela interrupção de todo esse ciclo natural.'"

Muitas vezes tentamos ajudar as pessoas a vencerem seus obstáculos, achando que estamos fazendo um bem maior, quando na verdade as estamos prejudicando, tirando delas a chance de aprender com seu sofrimento. A esse ato chamo de "a maldade do bem".

Pode parecer estranho ou até mesmo uma espécie de omissão de nossa parte negar ajuda a quem parece estar precisando. Na verdade, deixar que algumas pessoas passem sozinhas por aparentes sofrimentos pessoais implicará em aprendizados importantes e um bom crescimento pessoal (experiência de vida). Não é passando a mão na cabeça ou fazendo para ela(e) o que achamos deve ser feito que a gente vai estar praticando um ato de bondade. Pode até funcionar como um alivio a nossa consciência, mas não irá passar disso. Agindo como um suposto salva-vidas, no fundo, bem lá dentro do casulo, estamos tirando a chance de deixar que essa pessoa "voe" mais levemente e torne-se mais forte com seu próprio sofrimento.   

sexta-feira, 13 de abril de 2012

A Bruxa Interior de Cada Mulher

 
 
 
 

MISOGINIA: palavra que significa aversão ao feminino. 
 
BRUXA:
deriva de witch (inglês) que significa "mulher sábia", "vidente" (anglo-saxão  antigo 'wicce').
E o que essas duas palavras têm em comum?
A mulher. O feminino.


Na idade média houve uma grande perseguição principalmente contra a mulher. Mas isso não foi um mero acaso, foi um plano ardiloso criado pela "santa igreja" com um pérfido propósito: matar mulheres e outros tantos inocentes que iam ao contrário dos propósitos escusos da igreja.

Criaram-se várias leis voltadas a esse intento, sendo no Malleus Maleficarum - 1846 - (Martelo das Feiticeiras) o pior dos escritos misóginos já publicados. Ele continha leis que atacavam diretamente as mulheres e tão  somente ELAS. O Malleus foi criado para que os juízes e inquisidores se baseassem em suas diretrizes quando apontavam seus dedos em direção as "bruxas" e as condenavam a fogueira alegando "purificação das almas". Dizem alguns historiadores que, na época, cada juiz sempre carregava consigo um exemplar do Malleus em seus julgamentos. Era sua segunda bíblia.

Torturas, sadismos e  verdadeiros atos de barbaridade foram cometidos na idade das trevas contra pessoas inocentes e, em especial, contra o feminino. E tudo isso, é verdade, em nome de uma cristã. A igreja não nega essas atrocidades. Até porque está na história e não tem como apagar. Mas ela também não se retrata publicamente assumindo sua mea culpa.

Mas, mesmo diante disso tudo, dessa brutalidade toda, a mulher não pereceu e lutou por seus direitos. Correu atrás do seu espaço como uma verdadeira guerreira que sempre foi (e sempre será). Venceu quase todos preconceitos. Contornou obstáculos. Quebrou grilhões feitos de paradigmas. Lutou até que a última lágrima de suor vertesse de seu rosto, e, por fim, num suspiro de alívio exalado de seu peito abafado ela venceu. Oito de março de 1975 ficou reconhecido como "O Dia Internacional da Mulher" por um decreto lei da ONU. E para quem ainda não sabe, ou se esqueceu como foi que isso aconteceu, bem, foi exatamente no dia 08 de março de 1957 quando um grupo de operárias de uma fábrica em Nova Iorque se reuniu para juntas reivindicarem a equiparação salarial com os homens e tratamento digno no ambiente de trabalho. A resposta foi imediata das autoridades patriarcais: "Repressão e violência contra todas elas". Todas as operárias foram trancafiadas dentro da fábrica e incineradas em seu interior. Estima-se que 130 tecelãs foram mortas carbonizadas. Essas heroínas serviram de exemplo e a Lei foi então criada para que nunca mais acontecesse tal atrocidade por abuso de poder.


Fatos como esse formaram manchas indeléveis na vida de cada família  que viveu o horror do momento. Criaram-se cicatrizes dentro de cada alma viva da época que jamais se apagarão. A tortura, seja ela psicológica ou física, é uma das piores atrocidades que o ser humano pode ter criado.

Mas a mulher finalmente deu o seu grito de liberdade. Pouco, é verdade. Até pelo que ela passou tempos atrás. Merecia ter conquistado muito mais do que conquistou. 
O presente (2012) mostra que o passado ensinou ao futuro uma dura lição. E que a violência jamais foi e jamais será uma forma educacional de se atingir o objetivo final. As mulheres ainda têm muito o que conquistar. E irão conquistar. Elas estão apenas descobrindo pouco a pouco um segredo muito antigo, tão antigo quanto a própria raça humana, que se esconde dentro delas mesmas. Uma força aguardando silenciosa e pacientemente ser requisitada e ressurgir das cinzas como a Ave Fênix. Esse segredo pode estar oculto bem lá no fundo do mais fundo dos buracos da alma humana. Guardado num passado onde exatamente tudo começou. 

Quem sabe uma bruxa possa ajudá-la  a desvendar esse enigma?

quinta-feira, 12 de abril de 2012

INTELIGÊNCIA X SABEDORIA


"Quando um verdadeiro gênio aparece no mundo, é imediatamente reconhecido por este sinal: os medíocres se unem contra ele."(Jonathan Swift - escritor irlandês: "As Viagens de Gulliver")

Conheço pessoas que são inteligentes. São tão inteligentes que chegam ao ponto de decifrar enigmas que eu nem mesmo perco meu tempo em sequer tentar entendê-los. Outras pessoas, essas então, escrevem livros maravilhosos que prendem a minha, a nossa, atenção. Memorizam números como se fossem verdadeiros computadores humanos! Conheci uma vez uma garota que tinha a capacidade de memorizar os números dos registros dos médicos (CRM) associando-o ao nome do profissional. Quando recebia no laboratório (local onde trabalhava) algum pedido de exame, ela rapidamente memorizava o número e nome sem fazer força. Citava os números e o respectivos médicos e raramente errava um deles.
 

Pessoas assim são providas do que chamamos "inteligência natural",ou seja, elas têm a capacidade de guardar informações como se fossem verdadeiros computadores. 
E o que as difere daquelas pessoas ditas "sábias"? 
Ah-ha, um sutil e importante detalhe diferencia esses dois grupos de pessoas.
Pessoas sábias são, por natureza, pessoas inteligentes. Porém, pessoas inteligentes não necessariamente são consideradas pessoas sábias.
Sabedoria é um dom que nasce com a pessoa que a possui, independentemente de inteligência ou saber. Para se tornar uma pessoa inteligente existe centenas de possibilidades como: ler bastante, ouvir conselhos, treinar a mente com técnicas de aperfeiçoamento do raciocínio e memorização, nutrir hábitos sadios, conversar, estudar... isso só para se ter uma pequena ideia de como nossa mente pode ser "turbinada". Mas para se tornar um sábio..., aí a coisa muda completamente de foco.
 

Já ouvi dizer que "a experiência de vida torna a pessoa sábia". Ba-le-la! Conheço pessoas com o dobro da minha idade que de longe tem a sabedoria de uma pessoa mais jovem do que eles. Idade não é o passaporte da sabedoria. Idade é simplesmente envelhecer na vida. Existem pessoas que simplesmente passam na vida. Essas pessoas eu apelido de "mentes preguiçosas". Existem, porém, pessoas que aprendem com a vivência. E é esse último grupo de pessoas que então eu apelido de "pessoas sábias".
Sabedoria é um dom natural não conquistado.
Inteligência é um dom construído.
Quando um sábio procura a inteligência, ele então torna-se um ser único.
 
Uma vez o professor Albert Einstein disse: "a mente que se abre a uma nova ideia jamais volta ao seu tamanho original". Sábias palavras de uma pessoa inteligentíssima. 

terça-feira, 10 de abril de 2012

RENASCER




















A única certeza da vida é a finitude. Todos nós, de alguma forma, e em algum dia da nossa vida, iremos morrer. E isso assusta, por mais certo que estejamos disso. Mas, e depois? Como é que fica?
Não fica...
Já tive uma experiência de quase morte, palavra também conhecida como E.Q.M. (experiência de quase norte), e posso garantir que não é nada agradável.
Mas morrer não é o tema que eu quero abordar aqui. O que quero é o que vem depois dele: o renascimento.
O que é renascer? Alguns dizem que é uma nova vida que ressurge após o término de uma vida anterior. Simples assim. Outros, porém, gostam de filosofar afirmando que o renascimento é a certeza de uma nova esperança, de novos tempos e de novas experiências pelas quais todos nós iremos repetir nessa nossa nova vida.
Sabe o que eu penso?
Eu penso que renascer é uma nova oportunidade que a gente tem para poder recomeçar do ponto de onde nós paramos. Uma espécie de boot do nosso espírito. Não é necessariamente como um "carma", como alguns acreditam existir. Eu não acredito em "carmas". Não posso aceitar simplesmente que temos um preço a se pagar no presente por algo que supostamente no passado nós cometemos de errado. Acho isso, no mínimo, injusto! Ter que pagar no presente por algo que a gente nem mesmo sabe se cometeu numa outra vida que ficou lá atrás... Sério?
Creio que renascer é ser gratificado com o maior de todos os presentes: a VIDA. É mais ou menos como colocar um par de óculos novo para poder enxergar melhor os nossos erros passados (dentro dessa mesma vida), para não os cometermos novamente no presente sem ter que pagar um preço salgado por eles. 
Uma nova oportunidade? Sim, uma nova chance.
Renascer é deixar para trás algumas arestas que foram mal podadas. É olhar para nosso próprio reflexo no espelho sorrindo por estar ali olhando de volta para nós mesmos. Olha eu ali.
Pois é... eu renasci de verdade. Tive novamente aquela rara oportunidade que poucas pessoas têm para consertar (ainda mais) aquilo que eu fiz errado, e, quem sabe, dessa vez acertar nas minhas escolhas e decisões. Rever os conceitos. Tomar mais atitudes, talvez (ou menos atitudes em alguns casos). Renovar as amizades e fortalecer as que sobreviveram - ou as que realmente mereçam minha preocupação - como eu sobrevivi. Isso, obviamente, sem medo de errar de novo.
Se eu errar? Bom, ao menos eu voltei para tentar de novo.
Vai saber?